“Estive preso e fostes me visitar”

Depois dos altos muros, talvez se imagine que o silêncio seja o detalhe que mais chame a atenção quando alguém se depara com as grades que isolam os cerca de 1.900 detentos da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, Região Episcopal de Olinda. Imagine, então, chegar à portaria e ouvir versos como “No peito, eu levo uma cruz. No meu coração, o que disse Jesus…”. Quase fora de cogitação. Mas foi exatamente isso que aconteceu na manhã desta terça-feira, 17. Um grupo de encarcerados ensaiou algumas músicas e organizaram uma animada bandinha para acolher os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) na unidade prisional.
Eles carregaram a Cruz e o ícone de Nossa Senhora pelo território da penitenciária ao som de um incrível funk “Ô bote fé, bote fé só Jesus é o caminho. Caminhando com ele nunca estou sozinho”. Difícil não se emocionar. Impossível não se envolver com o que foi presenciado.
Em frente à capela localizada no interior da unidade, os presos puderam tocar e reverenciar os símbolos. Os pedidos foram feitos. As orações foram do coração de cada um ao de Nossa Senhora. Pede à mãe que o filho atende.
O presidente da Comissão Arquidiocesana de Pastoral para a Juventude, padre Gimesson Silva, acompanhou a visita e destacou o carinho e a criatividade dos participantes. “Vocês estão de parabéns. A Cruz já passou em vários presídios e vocês foram os únicos a formar um grupo musical! Talvez, essa seja a única oportunidade de ver e tocar na Cruz e no ícone. Esse é um momento muito bonito”, disse o religioso. Que prontamente teve o convite aceito. Os mais acanhados se aproximaram, tocaram, meditaram e aproveitaram a chance oferecida.
Outros ousaram ainda mais e utilizaram o talento para saudar a Cruz. Os detentos Antônio escreveram o poema ‘A Cruz’, que foi recitado na ocasião. “Nela (a cruz), encontramos a verdadeira paz interior. Através dela chegaremos ao Pai.” O dom de Edson Amaro é criar repentes ele revelou que estava orgulhoso de fazer a homenagem. O medo de não conseguir compor os versos de improviso deu lugar aos aplausos dos que ouviram emocionados a declamação.
Dois MC’s cantaram um funk sobre a maior história de amor da humanidade. “Vou contar um fato que aconteceu. Um homem sem pecado no calvário e na cruz por nós morreu…”
A cruz entrou no pavilhão mais isolado da unidade e adentrou onde só a dor e a descrença chegam. Ainda teve uma ciranda. A ciranda da vida. Juntos, padres, agentes da Pastoral Carcerária, detentos deram as mãos e dançaram ao redor dos símbolos.
A manhã não terminou por aí. Era a vez da juventude da Funase, em Abreu e Lima, receberem a visita. Era preciso ir ao encontro dos que se perderam no caminho. Jesus, o Bom Pastor, não se negaria a ir ao encontro das ovelhas perdidas. O encontro foi tímido, mas que rendeu momentos inesquecíveis aos que tiveram o privilégio de presenciá-los. Entrar na quadra e ver todos aqueles jovens atrás das grades, não deixa de causar angústia. A mensagem foi entendida. Era preciso ir ao encontro. Era preciso deixar-se tocar. E foi assim, ‘cela’ por ‘cela’. A cruz era colocada próxima às grades e cada um podia tocá-la. Oportunidade única para eles. Presente para quem pôde registrar encontros tão significativos.

Da Assessoria de Comunicação AOR

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